A produção de gramas no Brasil é uma atividade recente, onde até os anos 60 não existiam produtores e regularização do setor. Inicialmente, a “grama” vendida era de origem extrativista e recebia o nome de grama batatais, grama Mato Grosso ou gramão. Essa espécie, que é nativa brasileira, crescia em pastagens e era cortada em placas com auxílio de enxada e comercializada em certas regiões do país.
Origens da Produção de Grama
Até o final dos anos 60, a produção de grama no Brasil era essencialmente extrativista, com a colheita de gramas nativas em pastagens. A variedade conhecida como grama batatais, ou grama Mato Grosso, era comercializada em certas regiões do país, cortada em placas com o auxílio de enxadas. No entanto, a partir dessa época, a história da gramicultura começou a mudar.
O Início da Produção de Grama no Brasil
Em 1966, um marco importante ocorreu em Curitiba (PR), quando a família Scroccaro iniciou a produção de grama a partir de mudas doadas para formação de uma pastagem destinada a bovinos. A espécie de grama chamada “sempre verde” ganhou popularidade na jardinagem e mostrou um grande potencial de mercado. Nos anos seguintes, essa variedade foi levada para São Paulo, onde recebeu o nome de “São Carlos” para diferenciá-la da grama do Paraná.
A Qually Grama é a empresa pioneira do Grupo IM. Isaac, o fundador e presidente, idealizou a Qually Grama em 1996 e em 1999, nessa mesma época, uma empresa produtora de grama arrendou um terreno da família e Isaac, com uma visão empreendedora, buscou conhecimento conversando com os agrônomos que estavam iniciando o plantio no terreno. Ele tomou a decisão e a iniciativa de plantar grama. O plantio começou com apenas três hectares de terra e com a sobra da grama Esmeralda.
No início dos anos 70, Minoru Ito, pioneiro do setor da gramicultura em São Paulo, viajou para os Estados Unidos para um estágio agrícola. Lá, ele observou a implantação de gramados usando tapetes, o que o inspirou a aprimorar essa técnica no Brasil. Assim, iniciou-se uma produção de gramas em Itapetininga (SP), com a aquisição da grama coreana, a primeira espécie importada para o Brasil. O sucesso da introdução da grama São Carlos e o aumento das vendas impulsionaram a gramicultura no país.
A Chegada da Grama Esmeralda
Em 1977, devido ao sucesso das vendas de gramados no Brasil, foram trazidos alguns rizomas da Califórnia, de material de origem asiática, que apresentaram excelente desenvolvimento nas condições brasileiras. Essa grama, por apresentar uma coloração verde esmeralda intensa e por ter uma espécie nos EUA denominada “Emerald”, semelhante a ela, resolveram batizar o nome da grama de “Esmeralda”.
Assim, anos mais tarde, a grama esmeralda, devido às suas diversas adaptabilidades, tornou-se a espécie oficial de campos esportivos de alta performance nos anos 80. Contudo, nos anos 90, foi introduzido um novo gramado de grande destaque nos campos esportivos dos EUA, uma espécie de grama Bermudas chamada de “Tifway 419“. Essa grama, desenvolvida nos anos 60, tornou-se ideal para estádios de futebol devido à sua rápida recuperação de danos/injúrias, folhas finas e macias, e alta tolerância ao pisoteio. Já a grama Esmeralda, tornou-se a escolha certa para o setor paisagístico, margens de rodovias e campos esportivos amadores, fairways de golfe e centros de treinamentos.
A Expansão da Gramicultura no Brasil
Com o passar do tempo, a produção de grama Esmeralda se espalhou pela região de Itapetininga e Tatuí, tornando-se um dos principais polos produtores do país. Até os anos 90, os grandes centros de produção de grama estavam concentrados em São Paulo e Paraná, mas novas grameiras surgiram em outras regiões do Brasil, marcando uma migração e expansão da gramicultura.
A partir dos anos 2000, a gramicultura brasileira experimentou um salto econômico com a introdução de novas cultivares, o estabelecimento de legislações setoriais e um maior investimento em pesquisas e tecnologias do segmento.
Avanços e Instituições de Pesquisa
Em 2003, foi realizado o primeiro grande evento sobre gramados no Brasil, o SIGRA – Simpósio Brasileiro Sobre Gramados na UNESP de Botucatu-SP, que até 2022 teve 8 edições, as quais trouxeram grandes inovações e informações do setor, tornando a Universidade Estadual Paulista a maior instituição dedicada à pesquisa com gramados do Brasil.
Em função da expansão da gramicultura no país, os produtores começaram a se organizar em associações com o objetivo de fortalecer toda a cadeia produtiva. Criou-se, inicialmente, a AGRABRAS e posteriormente, em 2010, a Associação Nacional Grama Legal. Durante os anos de 2010, a produção nacional de gramas apresentou um crescimento expressivo, impulsionado pela maior exigência do mercado consumidor, pelos grandes eventos esportivos realizados nos últimos anos no Brasil (Copa do Mundo FIFA 2014 e Olimpíadas 2016), pelo aumento de áreas gramadas em obras de engenharia (construção civil, rodovias, aeroportos e ferrovias) e pelo paisagismo.
Atualidade da Gramicultura no Brasil
Para o ano de 2022, estima-se que a área oficial de produção de gramas no Brasil esteja em torno de 30 mil hectares, a história da gramicultura no Brasil é marcada por um desenvolvimento significativo, desde suas origens extrativistas até a atualidade, com uma produção crescente e diversificada. A gramicultura tornou-se essencial para diversos setores, desde esportes de alto rendimento até o paisagismo urbano, contribuindo para o crescimento econômico e a beleza das paisagens brasileiras.